sábado, 26 de janeiro de 2013

Acontece

Oi. Hoje eu não vim falar de nenhuma novidade. Vim falar de algo que simplesmente acontece.

Eu sempre acho graça quando minha mãe diz que eu costumava falar que queria ser "babá de cachorro". Na minha cabecinha de uma criança de 4 anos, era isso que uma veterinária fazia, cuidava de um cachorro como a minha babá cuidava de mim. Quando eu aprendi a palavra, essa profissão foi o meu sonho durante anos. Lembro que passava horas decorando as raças de cães e gatos. E mais algumas horas decorando aquele jogo de cartas que eu não lembro o nome, mas tinha um cão em cada carta. E eu ficava feliz fazendo o que eu gostava.

Não me entenda mal, eu ainda amo cachorros (e gatos, e todo o resto), mas mudei de ideia. Ninguém se importou aqui em casa, eu ainda era muito nova pra decidir "de verdade". Após um tempo, decidi fazer medicina. Uma versão evoluída da veterinária, eu pensava.

Estudei. Iniciei o último ano do colégio ainda decidida a cursar medicina. Estudei. Então veio o escuro, toda a minha certeza se esvaiu e eu fiquei perdida, bem na véspera das inscrições do vestibular.

Foi aí que eu errei. Deixei que a vontade das pessoas ao meu redor moldasse minha própria vontade. Me disseram que eu combinava com o curso de Direito por que gostava muito de ler. Eu acreditei. Me disseram que eu combinava com o curso de Direito por que gostava muito de escrever. Eu acreditei. Me disseram que eu combinava com o curso de Direito por que sabia ser persuasiva. Eu acreditei. E depois de uma maratona de Legalmente Loira e Drop Dead Diva, quis ser advogada.

Passei no vestibular de uma faculdade particular e fui para o primeiro dia de aula MUITO feliz. Conheci muita gente, fiz novos amigos, saí, fui para festinhas na casa dos colegas, filei muita aula, fiz 18 anos, fiquei com um menino da faculdade, saí mais, conheci mais gente, filei mais aula. E o primeiro ano passou. E eu já não estava mais tão feliz. Por que o que eu queria era a novidade e a liberdade de estar na faculdade, não o curso que eu escolhi. Resolvi esperar mais um ano, para ter certeza que eu realmente não queria aquilo. Comecei outro ano, virei veterana, dei trote, conheci ainda mais gente, fiz mais amigos, me afastei de pessoas, me aproximei de pessoas, briguei com um punhado de gente, conheci um garoto, fiquei com ele, comecei a namorar com ele, fiz 19 anos, saí mais, completei seis meses de namoro. E o segundo ano passou. Com ele também se foi a minha desculpa de "esperar pra ver se melhorava". Era agora ou nunca. Nessa brincadeira eu já havia perdido dois anos!

O ponto decisivo foi perceber que eu não tinha feito nada relacionado ao estudo do Direito que me marcasse. Nada. Nenhuma matéria me agradava. Nenhuma. Percebi que se não fosse pelo fato de o meu namorado estar na sala de aula ao lado da minha, eu não gostaria de estar ali de forma alguma. Aí eu decidi que ali não ficaria mais, por que a vida era minha, e eu precisava começar a vivê-la.

Essa coisa de viver a vida é complicada. Você deve fazer concessões com algumas coisas, e a minha é cursar uma faculdade, me sustentar e depois me jogar no mundo (e eu quero fazer bem assim, ao pé da letra). Mas com outras, você não pode ceder, por que são coisas que você terá que fazer, mais ninguém. Eu cedi por dois anos, até que não deu mais. Tive um choque de realidade ao notar que se isso continuasse, eu teria que ser advogada (ou pior, fazer um concurso) e trabalhar com isso, o que eu sabia que me mataria por dentro. Por que eu odeio isso.

Pesquisei. Pensei. Me informei. Só aí decidi o que eu queria fazer pela segunda vez. Reavivei essa paixão adormecida por publicidade e marketing. É algo que eu me vejo fazendo (não se deixe levar por isso, pois se você for como eu, poderá se ver fazendo qualquer coisa) e fico feliz de pensar assim. Pedi transferencia para o curso de Administração, já que é um curso mais abrangente e eu posso me especializar em marketing (quem sabe um MBA lá fora...), foi uma concessão saudável.

Não foi fácil sair contando que não seria mais advogada. Mas a reação de alguns familiares me surpreendeu. Na verdade, todos me apoiaram. Disseram que era assim mesmo, que eu precisei escolher muito nova, que isso acontecia. Só minha mãe discordou (eu consegui prever essa reação e demorei mais de um mês e meio pra contar a ela). Passou quase uma hora falando coisas não muito agradáveis. Nada agradáveis. Depois saiu do meu quarto e não falou comigo pelo resto do dia. O que eu não achei tão ruim. Quer dizer, foi horrível na hora, mas depois eu me arrependi por não ter contado antes. Por que as coisas ruins passam, e eu precisava passar por aquilo pra saber que realmente queria o que eu quero.

No dia seguinte, minha mãe falou comigo normalmente e ficou tudo bem.

Concluí minha transferencia e estou aguardando o dia de montar a grade. E estou feliz. Muito. Mas não com a universidade, os colegas novos e um outro primeiro dia. Estou feliz por que, pela primeira vez, eu sinto ansiedade ao pensar nas aulas. Por que eu quero aprender (não sei você, mas comigo isso é inédito!) e... Estudar!

Veja bem, eu agora sei diferenciar a alegria de ficar satisfeita com o curso da alegria de um primeiro dia apenas. E aqui fica a dica: pense na sua alegria. Pense no que te faz feliz agora e no que você acha que vai ter fazer feliz por mais tempo.

Mas não pense demais, por que errar não é tão ruim assim. Acontece.

Postado por Garota B.

2 comentários:

Sheilla Lovato disse...

Amei a sua história, super verdadeira! Eu estudei Direito, fiquei cheia de dúvidas até o 3o. ano, mas daí percebi que era isso mesmo o que eu queria. Hoje eu amo o que faço, trabalho com isso. Mas passei por uma reflexão igual à sua, acho que é normal mesmo termos esse tipo de dúvidas. Vou continuar acompanhando a sua saga!

Garota A, Garota B disse...

Puxa, que bom que você gostou! Fico feliz! :D

E nós aqui vamos acompranhar a saga do The Beauty Factory, gostei muito do seu blog! :*

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